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‘Logan’ despede-se de Hugh Jackman com um Wolverine legítimo dos quadrinhos

No ano 2000, Hugh Jackman chegava aos cinemas na pele, e nas garras, do mutante mais querido pelos fãs pela primeira vez, rendendo não só um alavancar em sua carreira, mas também marcando o início de uma era de filmes de super-heróis, que sabemos em que fase chegou atualmente. 17 anos depois, Jackman volta a soltar as garras de Wolverine, e agora, pela última vez, com uma despedida mais do que justa e maravilhosamente bem executada.


Após tentativas atrás de tentativas tentando trazer uma história digna do personagem, James Mangold abraçou a ideia de levar algo mais sério e denso aos cinemas, com violência e um roteiro mais “pé no chão”, nem parecendo com o James Mangold de ‘Wolverine: Imortal’ (2013). O que eu posso dizer é que Mangold, junto com Jackman, trouxe tudo isso, e da melhor forma possível.


Em cinco minutos de filme, Mangold já nos apresenta todo o clima e o ritmo que o resto do longa vai seguir, e nos apresenta aquele que podemos chamar de Wolverine legitimo, sim, aquele que todos os fãs pediam desde os filmes dos X-Men no início do século. Violento, cascudo, bruto, boca suja e mercenário, Wolverine de ‘Logan’ traz elementos positivos do personagem de Mark Millar, e não só em sua forma física, mas um pouco da ideologia de se conter, apesar de extravasar ao extremo durante a história, além de toda a ambientação desértica e sentimento de “road movie”. Além de trazer um Logan em sua essência de Wolverine, Mangold consegue fazer um ótimo trabalho com X-23, demonstrando muito do que Wolverine deveria ter sido logo do início.


‘Logan’ é fruto de uma paixão pelo personagem e uma vontade de, finalmente, trazer uma boa história, mas nunca possível devido a necessidade de violência extrema. Após a surpresa do sucesso de ‘Deadpool’ (2016) foi possível observar que havia a possibilidade de contar uma boa história legitima do personagem e ainda conquistar um grande público. Mangold não economizou na brutalidade em ‘Logan’ e conseguiu traze-la de forma natural, com um roteiro muito bem trabalhado e uma argumentação justa.


É nítido que o texto de Mangold faz de tudo para o público esquecer todo o passado do personagem nos cinemas, e fazer olhar tudo aquilo e entender que é uma história nova e fechada. Mangold também conseguiu mostrar que o cinema não precisa de algo megalomaníaco para filmes de super-heróis, com cidades ou países sendo destruídos e vilões superpoderosos. Com uma história mais contida, ‘Logan’ explora todos os personagens e a situação sem precisar exagerar, e deixa tudo mais consistente e com um toque de realidade.

Apesar de toda a ação e brutalidade, ‘Logan’ traz muitos momentos mais dramáticos e densos, misturado com um ritmo um pouco mais lento em determinados momentos, mas muito bem equilibrado com a ação, não cansando ou decepcionando o espectador, que mesmo sabendo de toda a densidade e o peso que o filme precisa, ainda espera um filme de super-herói.


Hugh Jackman, novamente, faz um ótimo trabalho e nitidamente demonstra toda a sua entrega pelo personagem, e dá ao espetador o sentimento de dor e o peso do personagem. Patrick Stewart é outro que rouba a cena ao lado de Jackman, com um Professor Xavier distante daqueles passados, com muito mais peso e força, apesar de sua fraqueza corporal. Dafne Keen completa o trio com um belo trabalho de atuação com os olhos e pequenos gestos, já que trabalha grande parte do filme sem pronunciar uma palavra. Stephen Merchant e Boyd Holbrook são outros dois que também conseguem fazer um bom trabalho diante seus personagens, apesar de não serem tão exigidos quanto Jackman, Stewart e Keen.

Hugh Jackman interpretando Logan


Como apresentado em sua coletiva, Wolverine foi classificado como “duro e doce”, muito mais duro, como o próprio ator se classificou, e Mangold traz em seu filme um perfeito equilíbrio entre os dois, onde aos poucos, Logan vai deixando de ser o bruto herói niilista, para mostrar uma parte sua mais humana e trazer momentos dramáticos ao filme. Não esquecendo da essência de um filme dos X-Men e do personagem, o humor também é bastante presente e muito bem encaixado, com um ótimo “timing” em muita ação e drama.

Seu roteiro fiel ao personagem traz três grandes atos, mas acaba escorregando de leve no segundo, algo que não prejudica o interesse do público pela história. E a maior decepção acaba ficando pela característica mais elogiada dos trailers, a trilha sonora. Com um pequeno destaque em cenas dramáticas, a música de Marco Beltrami não chama a atenção e faz falta em cenas mais intensas, ficando apenas ao fundo, não fazendo muita diferença diante momentos necessários.


De forma completa, ‘Logan’ surpreende a todos positivamente e traz todos os elementos que o fã e público esperam. Hugh Jackman, após 17 anos, despede-se de uma forma justa e sincera, mas deixa o coração do espectador com uma dor que será difícil de curar tão rapidamente. Suas cenas finais vão aos poucos machucando o espectador, para uma última cena de arrepiar e humilhar qualquer pequena homenagem que outro filme tentou fazer na franquia dos mutantes.

‘Logan’ é uma despedida digna de aplausos e lágrimas. Nesse momento, é preciso agradecer à Fox e precisamente à Hugh Jackman, por marcar a vida de muitos com um personagem inesquecível.

 

Sinopse:

Em 2029, Logan ganha a vida como chofer de limusine, para cuidar do nonagenário Charles Xavier. Debilitado fisicamente, esgotado emocionalmente, ele é procurado por Gabriela, uma mexicana que precisa da ajuda do mutante. Ao mesmo tempo em que ele se recusa a voltar à ativa, Logan é confrontado por um mercenário, Donald Pierce, interessado na menina Laura Kinney, sob a guarda de Gabriela.


Ficha técnica

Direção: James Mangold

Roteiro: James Mangold, Michael Green, Scott Frank

Gênero: Ação, Aventura

Data de lançamento: 02/03/2017

Nacionalidade: Estados Unidos

Produção: Hutch Parker, Simon Kinberg, Lauren Shuler Donner

Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holdbrook, Stephen Merchant

Trailer

Nota: 4,5 / 5

*Texto publicado no site Super Cinema Up http://supercinemaup.com/criticas/logan/*

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